Esse texto consiste em tratar da temática que abrange os ideários de
uma dominação de classe sobre outra, buscando contrapor a ideia de democracia
racial.
A escravidão inicialmente não
nasce do racismo, que de outro modo antes mesmo dos escravos africanos serem
trazidos para o Brasil já existia outros tipos de escravos nas civilizações
antigas como afirma Rocha (2006):
Porém, a tese de que o fenômeno do racismo é tão
antigo como o surgimento da humanidade precisa ser desmistificada. A escravidão
presente nas sociedades medievais e antigas não tinha uma justificação baseada
na cor da pele. É importante perceber que a escravidão não nasceu do racismo;
ao contrário, o racismo moderno é consequência da escravidão.
Contudo o racismo é trazido com
a ideia de explorar uma mão de obra
barata afim de justificar suas ideologias. Por tanto pode-se afirma que antes
mesmo da escravidão ser justificada pela cor da pele já era existente na
sociedade, como descreve Rocha (2006):
O racismo moderno constitui-se, enquanto forma de
ideologia de dominação de uma classe sobre outra, dentro das relações de
produção da vida material, o que não é o caso da escravidão presente nas
antigas sociedades greco-romanas. Estas não desenvolveram teorias de
superioridade branca.
Sendo assim teorias raciais são inventadas com
interesses de dominação e opressão. A opressão racial tem um componente
diferente das outras formas de opressão, visto que o oprimido não pode fugir do
estigma de sua cor. O capitalismo tem papel fundamental nesse concepção de
dominação de classes, que acaba criando o fenômeno étnico-racial que também é
dinâmico por sua vez. A sociedade acaba por ser obrigada á “aceitar” conscientemente
ou não (muitas vezes inconscientemente) e quem não se adequar a esse ideário
acaba por ser julgado pela sociedade dominante, e o sujeito por sua vez, para se adequar a essa ideia de educação rompe suas barreiras
de ser humano natural, nega sua própria cultural, nega sua própria existência
como ser humano para que a concepção de valores dessa sociedade faça parte de
sua vida, tendo essa condição como natural, mas que na verdade lhe foi dada
como condição de viver em sociedade, ou seja esse sujeito pra seguir os padrões
ele é educado de acordo com o que a classe dominante exige. O ensino é aplicado
apenas o básico para que o sujeito seja manipulado para não pensar, apenas
seguir regras e ser um “bom trabalhador a salariado”. Sem questionar nada apenas obedecer a seus
chefes. Nessa questão, parece cogente a visão de que, em decorrência da opção
natural do capitalismo pela ampliação do capital e não pelas pessoas, esses
fenômenos de justificação, para a exclusão do outro, se tornem quase naturais.
Não é de se estranhar, também, a presença do fenômeno do racismo dentro da própria
classe dos trabalhadores (ROCHA, 2006).
O racismo
acaba por ser justificado pela classe economicamente dominante como parte de
uma ideologia após a abolição da escravatura. Tendo em vista que:
Os colonizadores e, depois, a recente elite
capitalista brasileira utilizaram-se de uma série de idéias para justificarem a
escravidão de africanos, bem como para manterem os negros à margem das novas
relações sociais oriundas do trabalho livre. A ideologia de dominação racial é
gestada com o objetivo de justificar a escravidão e para justificar o método de
administração de escravos. (ROCHA, 2006, p. 17-18)
Para justificar a escravidão os colonizadores
tinha essa condição como natural, tendo os negros e indígenas como seres menos
pensante e não civilizados.
A igreja católica tem um papel importante quando se
trata da época da escravidão, por apoiar esse pratica, como afirma Rocha (2006):
“No período colonial brasileiro, a igreja católica da época teve um papel
fundamental, no sentido de constituir um grupo de idéias que facilitassem a
dominação do escravo pelo senhor.” Para os católicos da época a escravidão era
necessária pra o desenvolvimento do pais tendo uma visão lucrativa quanto á
isso.
O racismo entra no campo
cientifico com a teoria do embranquecimento como tese central tida no Brasil.
Tendo vários estudos científicos sobre o assunto, para provar a inferioridade
dos negros da época. Sobre o mesmo Rocha
(2006) diz: “Um dos estudos mais conhecidos é o Ensaio sobre a Desigualdade das
Raças Humanas, de Gobineau. A primeira parte desta obra foi publicada em 1855,
sendo concluída em 1858.” Assim sendo
afirma que os brancos e loiros são intelectualmente superiores a qualquer outra
raça ( como indígenas e negros).
Os estudos de Goubineau exemplificam muito bem a ação
de cientistas em favor da manutenção de dominação de um grupo sobre outro, ao
produzirem elementos significativos para a constituição de uma ideologia de
dominação racial. (ROCHA, 2006, p. 21)
Para afirmar essa ideologia, era
dito que só com embranquecimento é que o pais teria progresso Rocha (2006) explica:
“A ampla campanha científica e governamental realizada no país para o
embranquecimento da população foi mais um capítulo do processo de constituição
e gestação da ideologia de dominação racial brasileira.” Sendo assim os negros
eram visto como a causa pelo atraso do pais, trazendo assim imigrantes europeus
para concluir essa ideologia, tendo um grande aumento entre os anos de1890 e
1914 , onde as passagens foram pagas pelo governo estadual. Rocha (2006) afirma
: “Só no estado de São Paulo, para exemplificar, chegaram, entre 1890 e 1914,
mais de 1,5 milhões de europeus, sendo que 64% destes, com a passagem paga pelo
governo estadual.”
Aos poucos percebe-se que ao longo da historia se cria uma ideologia de
dominação racial, sendo que essa ideologia fez com que, até hoje, a
desigualdade racial seja percebida, aclarada e aceita socialmente como algo
natural, justo e inevitável.
Referencia: ROCHA, Luiz Carlos Paixão da. Políticas afirmativas e educação: A lei 10.639/03 no contexto das
políticas educacionais no Brasil contemporâneo. 2006. 135 f. Dissertação
(Mestrado em Educação e Trabalho)- Universidade Federal do Paraná, Paraná
.2006.